Ministros prestigiam 1ª FENABA e destacam desafios para o fortalecimento da cadeia econômica do artesanato

20/05/2024

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, e o ministro do Empreendedorismo e da Microempresa, Márcio França, prestigiaram a 1ª Feira Nacional do Artesanato da Bahia - FENABA, que aconteceu entre sexta e domingo (19), na Arena Fonte Nova, em Salvador. Na sexta-feira (17), ao lado da governadora em exercício e presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Cynthia Resende, e do secretário Davidson Magalhães, do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), além de outras autoridades, os gestores das pastas federais falaram do artesanato como expressão cultural e econômica, e dos desafios para a lucratividade do ofício ancestral.

Eles percorrem a feira com direito à participação em um ‘toré’ dos índios Pataxó do sul da Bahia e conversas com mestres e mestras do artesanato do estado. O Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) é atribuição do Ministério do Empreendedorismo, desde 2023, quando foi criada a pasta. O ministro Márcio França disse que o governo federal quer preservar e fortalecer o ofício, mas para isso é preciso que seja lucrativo.

“A partir da criação do ministério específico de pequenos empreendedores, com o artesanato dentro, o presidente Lula quis justamente ajudar os artesãos e artesãs a manter essa tradição, porque os mais antigos fazem, mas os filhos não seguem, os netos não seguem. Se for rentável, se for lucrativo, aí fazem. E as feiras são uma grande exposição. Nós vamos começar agora fazê-las internacionalmente”, disse França. 

 

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A ministra Margareth Menezes destacou o artesanato sob o foco da economia criativa e disse que o Ministério da Cultura está fortalecendo políticas públicas que abrigam a atividade. “Essa Feira está abrindo uma porta que nunca mais vai se fechar porque artesanato temos, diversidade temos, qualidade temos, e o que faltava era essa oportunidade (...) Acho importante esse momento que se inaugura na Bahia, e quero reforçar que o Ministério da Cultura tem políticas que fortalecem justamente todas as iniciativas culturais e artísticas do Brasil e o artesanato, por ser também cultura, está dentro dessas políticas de fortalecimento”.

Apesar das iniciativas federais, a economia do artesanato enfrenta gargalos históricos. A diretora do Programa do Artesanato Brasileiro, Elisabete Bacelar, opina que há desafios a serem vencidos para a sustentabilidade deste mercado. “O desafio maior é capacitar os artesãos para que eles possam vender e exportar, mas o pior desafio é a gente também transformar a mentalidade da população para comprar do artesanato. Os gargalos são: mercado, capacitação e a transformação da visão brasileira sobre o artesanato, que é nossa identidade. E não adianta ele [o artesanato] ser sempre a nossa identidade, a nossa cultura e não receber pra isso. Acho que o preço justo é um caminho que a gente está buscando”.

A Feira é uma ação do Governo da Bahia, por meio da Setre, através da Coordenação de Fomento ao Artesanato (CFA), em parceria com as secretarias do Turismo (Setur), da Cultura (Secult) e da Promoção da Igualdade (Sepromi), e contou com investimento de R$ 3 milhões. O evento teve correalização da Pau Viola e da Associação Fábrica Cultural e patrocínio do Sebrae e do Programa do Artesanato Brasileiro, vinculado ao Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

 

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Comercialização - Na Bahia são aproximadamente 17 mil pessoas regularizadas no Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (Sicab), mas estima-se que mais de 43 mil pratiquem o ofício. No País são 532.663 mil artesãos e artesãs, de acordo com dados de relatório do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), a partir de informações do IBGE/Pnad Contínua (2021). Para se ter uma ideia, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) estima que o artesanato movimente em todo o País cerca de R$ 50 bilhões por ano, que representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB).

Em sua primeira edição, a FENABA teve como um dos objetivos difundir e alavancar a economia do artesanato na Bahia e no País, além de permitir a comercialização de peças durante o evento.  Foram 250 artesãos e artesãs e representantes de oito estados e o Distrito Federal comercializando peças artesanais. 

“O volume de vendas tem sido satisfatório e os artesãos e artesãs estão muito felizes com a comercialização de vendas. A expectativa é a de que isso gere bons negócios ao longo de todo ano, por se tratar de uma vitrine para eles”, estima Weslen Moreira, à frente da Coordenação de Fomento ao Artesanato (CFA), subordinada à Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), pasta que está à frente do evento.

 

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Governadora em exercício destaca legado e secretário defende criação de política estadual 

A governadora em exercício, Cynthia Resende, destacou o artesanato como legado ancestral. “O artesanato de um povo representa, no tocante às suas variadas vertentes, a resistência, a resiliência e o empoderamento daqueles que carregam como legado ancestral a sabença do trabalho manual, ensinada a partir da infância, repassada por gerações, como verdadeira herança imaterial”, disse a desembargadora, que ficou no comando do Poder Executivo entre os dias 11 a 17 de maio em razão da viagem do governador Jerônimo Rodrigues à Europa. Ao fim do seu pronunciamento, ela ganhou de presente um balangandã da artesã Mônica, de Salvador. 

O secretário da Setre, Davidson Magalhães, ressaltou da importância de uma política estadual para o artesanato na Bahia, que está em fase de elaboração e deverá garantir, entre outras coisas, remuneração mínima para mestres artesãos (ãs). Na visão do secretário, o artesanato compõe o setor da economia popular que, somente na Bahia, representa 40% das pessoas ocupadas.

“Eles [artesãos] precisam de um apoio do estado porque é fundamental o saber fazer não ser perdido, porque isso é a memória da Bahia, da nossa cultura, da nossa identidade. Se nós não tivermos uma valorização do artesanato como precisa ser feito, não só do ponto de vista cultural, mas como geração de emprego e renda, a gente pode perder essa memória pelo caminho”, disse.

O secretário lembrou, ainda, que a Bahia está entre os três maiores centros de produção do artesanato do País e nunca havia realizado uma feira nacional. Artesanato, turismo e cultura estão relacionados para a geração de emprego e renda, disse. “Nós estamos rompendo essa bolha. A presença dos ministros significa isso. E a presença de mais de 250 artesão e artesãs, fortalece essa política, a presença dos outros estados dá a dimensão nacional para o nosso artesanato. É uma vitrine e as vitrines são fundamentais para a garantia, expansão e a produtividade do artesanato”.

Fonte: Ascom Setre